Friday, November 04, 2005

Eventos Brasileiros em Cingapura


Por Dania Roberta Acevedo

Antes dos convidados chegarem pairava no ar muita expectativa. Algo que se pode comparar a um grupo de artistas que, no camarim, se prepara para entrar em cena. A equipe do bar anfitrião, constituída basicamente de funcionários locais, via nesse evento sua prova de fogo.

Inicialmente, me olhavam de soslaio, o que fazia com que eu me sentisse uma forasteira; alguém que para eles inspirava uma mescla de reserva, curiosidade e fascínio. Fascínio, não tanto pelo meu charme - que nessa noite brilhava por sua ausência - mas sim pelo que eu representava naquele momento: uma brasileira que, numa noite, teria que transmitir-lhes tudo o que o nome do bar "Carnaval" sugere: alegria, ginga, gosto pelas boas coisas da vida, musicalidade e paladar apurado para a comida que, da cozinha improvisada, já invadia o ambiente com aromas típicos de nossa terra.

Um pouquinho escondida, estava a Maria. Uma compatriota nordestina, que chegou a essas terras longínqüas há 12 anos. Notava-se que estava ainda dominada pelo medo da estréia . Agora posso confessar publicamente que era a sua primeira vez, fazendo salgadinhos, é claro ! E como toda primeira vez sempre traz surpresas, fomos todos assaltados por uma das grandes : as coxinhas que, quando congeladas, prometiam ser as estrelas da noite, depois de colocadas no azeite, começaram literalmente a se desmantelar. Pânico geral !...

Foi nesse momento que apelei para a Andréa, pessoa querida de nosso grupo e também a nossa “primeira dama” em Cingapura, ou seja, a esposa do senhor Embaixador do Brasil. "Andréa, pelo amor de Deus, traga todos os seus salgadinhos!". Já atrasada para comparecer a outro compromisso, chegou às pressas com nosso Embaixador, trazendo empadinhas e outras delícias que, por pura intuição, havia preparado na noite anterior.

Graças a Deus foi um falso o alarme ! As coxinhas da Maria já haviam recuperado sua dignidade ao serem colocadas, devidamente, em óleo bem quente.

E assim começou a noite... ao som da melhor seleção de MPB, com a assinatura e sensibilidade da Élégie Santini, e com as imagens do nosso sambódromo no telão que, sem dúvida, traziam nostalgia aos convidados e captavam a atenção de um extasiado staff.

Para dar aquele toque pessoal, estive na porta recebendo os convidados que eram, até então, apenas nomes assinados em e-mails de confirmação. E-mails que, nos últimos dias, começaram a se multiplicar, assim como as ligações telefônicas, solicitando lugares que escasseavam.

Foi uma constatação reveladora sentir que a comunidade brasileira está carente de convívio em Cingapura. Ficaram registrados em minha mente e nas fotografias, os semblantes alegres da nossa gente que, nessa noite, fez do "Bar Carnaval " do Chijmes, um cantinho brasileiro, a sua casa.

E rolou de tudo : discurso improvisado do nosso Embaixador, rifa, convites para os cafés na casa da Deise, show de batucada, performance de dançarinas e até banda ao vivo que arranhou a nossa Aquarela do Brasil. O pessoal caiu no samba, dançou forró, lambada e outros ritmos até altas horas.

Na boca ficou o tempero dos salgadinhos, da agora famosa Maria, a doçura das batidas e caipirinhas feitas no capricho. Na retina, ficaram as côres verde e amarelo que parecem mais vibrantes quando se está longe. Ficou o calor de nossa gente junta... Ficou o gostinho do nosso Brasil ... Ficou o sabor do Carnaval ...

Até a próxima !

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