Friday, November 04, 2005

Artistas Brasileiros em Cingapura





ELES PASSARAM POR AQUI …


… Violonistas, capoeiristas, cantoras, até “cantor-ministro”. Todos trazendo um pouco da cultura brasileira, deixando seu encanto … e também muita saudade.

Trazida pelos empresários Robert … e Lim Chua Lueng, dois apaixonados pela música brasileira, Ana Caram chegou timidamente a Cingapura e conquistou o público com seu talento, sua versatilidade e simpatia. Exímia flautista e violonista, Ana graduou-se em composição e regência pela Universidade de São Paulo e iniciou a carreira artística pelas mãos do lendário Maestro Antonio Carlos Jobim, seu mentor e amigo. Depois de algumas parcerias com com saxofonista cubano Paquito D’Rivera, com quem se apresentou na Europa e no Carnegie Hall, durante o JVC Jazz Festival, Ana Caram foi contratada pela Chesky Records. Desde então tem gravado inúmeros CD’s onde mescla de maneira incomparável o balanço do samba com a sensualidade da bossa-nova.

Depois foi a vez de Gilberto Gil, cuja passagem por Cingapura - tornada possível graças ao empenho de outro grande entusiasta da música brasileira, o empresário Carsten ... - foi fato dos mais comentados, não somente por tratar-se de um dos mais importantes artistas brasileiros, mas também porque Gil acumula as funções de Ministro da Cultura do Brasil.

"Minister Cool", como foi chamado carinhosamente pelos cingapurianos, fez uma única apresentação na cidade, dividindo as atenções com outro ícone da música pop, David Bowie. Mas Cingapura tinha público suficiente para os dois espetáculos e o Esplanade se encheu para ver por primeira vez o criador do Tropicalismo.

Mais simpático do que a maioria dos ministros e mais politicamente concentrado que a maioria dos artistas, Gilberto Gil tem a habilidade de unir “sensibilidade poética” à “prática política”, sem que isso iniba a sua imaginação e sensualidade. Presente no cenário musical há 33 anos , Gil teve um papel fundamental no processo de modernização da música popular brasileira.

Natural de Salvador da Bahia, um dos mais tradicionais e originais centros de criação musical do mundo, Gil cresceu ao som dos ritmos do nordeste brasileiro, como o baião, além do tradicional samba e da bossa-nova, fatores esses determinantes para a sua formação musical. A partir deles, Gil criou um som próprio, ao qual incorporou o rock, o reggae e o funk aos outros ritmos baianos, como o afoxé. Nas suas letras, Gil explora uma gama de temas pertinentes à realidade moderna: desde a desigualdade social à questão racial, desde a cultura africana à oriental, entre outros. A maestria com que aborda esses temas o coloca como um dos maiores compositores-letristas brasileiros.

Sua importância para a cultura do Brasil remonta aos anos 60 quando, junto com Caetano Veloso, criou o movimento musical denominado Tropicalismo. Radicalmente inovador no plano musical, esse movimento assimilou a cultura pop aos gêneros nacionais, e foi tão crítico nos planos político e social, que acabou sendo reprimido pela ditadura militar vigente na época.

Para regozijo da comunidade brasileira e encanto do público local, a lista de artistas brasileiros continuou se estendendo, com apresentações dos mundialmente aclamados violonistas Carlos Barbosa-Lima e Fabio Zanon, da jovem revelação Cibele e da musa da bossa-nova Bebel Gilberto.

Os que tiveram o privilégio de assistir às apresentações desses magníficos artistas em Cingapura, contagiaram-se com a beleza, exuberância e riqueza da música brasileira que, além de traduzir nossas múltiplas identidades culturais, apresenta-se como um veículo privilegiado para as leituras e interpretações do Brasil.

Élégie Santini
Outubro/2005


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